Você também criou seus castelos


Meu primeiro amor era um príncipe. Loiro, olhos azuis, educado, tinha um sorriso lindo e elogiava minhas escolhas musicais. Nos conhecemos quando crianças e crescemos juntos, fizemos dupla na escola e com o tempo descobrimos coisas surpreendentes. "Sério que as meninas são diferentes dos meninos?" 😂

Ele reprovou a oitava série e nos distanciamos por uns anos. No reencontro éramos perfeitos estranhos. Ficamos um ou dois anos nos olhando de longe, uma certa platonicidade no ar. "Será que você é você mesmo? E esse você que você é hoje ainda é o que eu me lembro?"

Um dia virei para ele e disse: "Bora parar com essa palhaçada?". Marcamos date perto do ano novo. Eu não fui. Sei lá, estava distraída na praia com o mundo inteiro aos meus pés. Nos perdemos novamente.

Há anos nos encontramos na rua, sorrimos e rolou um "E aí, beleza?". Fiquei tão desnorteada que atravessei uma avenida com o sinal aberto, fui xingada por uma senhorinha e quase atropelada. Sem mencionar, é claro, o engavetamento que causei. Não resisti, liguei e disse: "Ei! Lembra de mim? Ainda gosto de você." Ele riu lisongeado e eu desliguei na cara dele.

Nota-se pelos acontecimentos que sou uma pessoa proativa e muito equilibrada.

Semana passada o reencontrei no instagram - minha nova rede social de escolha - e sim, ele continuava maravilhoso, exatamente como eu me lembrava, porém a adoração por selfies no espelho e a falta de novidades me fizeram acreditar que o bom mesmo foi ficar de boinha na frente do mar.

E segue o baile.

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